Cavernosa: se afastar do virtual pra se aproximar de si.
Vez ou outra quando encontro alguém pessoalmente sou questionada do porquê do meu sumiço. Eu, quase sempre acompanhada da minha prolixidade respondo que somente uma hora de conversa responderia à questão. Mas acho que um bom texto também serve.
Em primeiro lugar, penso que tudo se iniciou quando me dei conta de que quase tudo em minha vida se encontrava em perfeita desordem, exceto pelo sexo, e pelo amor, muito embora depois esses problemas tenham começado a afetar meu amor, por causa da ansiedade, mas o sexo continuou intocado, a paz me da tesão, e o caos também. Amém por isso igreja.
Outrora quando tinha meus 20 anos, já tinha notado a desordem de algumas coisas, mas eu achei que tinha todo tempo do mundo. E de certa forma tenho, apesar de agora ter entendido que ter todo tempo do mundo não é razão pra relaxar tanto.
Um dia fiz 25 anos, extremamente jovem, eu sei, mesmo assim, algo dentro de mim mudou, sobretudo minha percepção; na pandemia, comecei a me alimentar pessimamente, mesmo cursando nutrição, fiquei tão sedentária que tudo me deixava ofegante, minha casa não era minha, e eu odiava meu emprego, ganhei não só peso, como uma ansiedade que evoluiu pra síndrome do pânico, em busca do auto conhecimento, percebi diversos traumas que ainda estavam ativos em mim , manifestados em meu comportamento, eu tenho listado essas disfunções que notei em meu caráter, mas talvez isso seja mais íntimo que meu cu, ou apenas algo pra ser registrado somente depois do reparo.
Pois bem, estar ativa nas redes, me distraía o tempo todo das minhas dores, traumas e aflições, e embora isso pareça bom, não acho que seja, pois distrair é diferente de espairecer.
Os elogios virtuais não faziam mais efeito, pois tudo que eu mais queria era me sentir capaz de realizar coisas, nem mesmo as conversas virtuais profundas, porque tudo que eu queria era encontrar os olhos de alguém disposto a ser humano, e falar também sobre o amargo. Os próprios efeitos eram metáfora perfeita pra entender que eu já não enfrentava nem mesmo minha face.
Aquilo era bom, como toda fantasia é, mas precisei jejuar de ilusões .
Eu precisei ter coragem de enfrentar meus problemas, eu precisei ter humildade e discernimento pra listar meus defeitos, e também de compaixão pra apreciar minhas virtudes, pois sem ver lado bom, eu desistiria de mim.
Os dias tem sido extremamente difíceis e solitários, vez ou outra saio pra dançar e sempre escolho deixar o processo arquivado na gaveta de casa, levando só minha energia dançante e um sorriso marfim. Mas nunca me desconecto desse procedimento, peço ajuda de Deus todos os dias pois perdi a fé em mim mesma. O alimento básico da alma são as realizações, e estou me guiando por isso.
Dia a dia conheço novas terapêuticas pra me sanar, e sigo com calma e minha esperança tem sido devolvida aos poucos.