Quando me apaixono, eu passo mal.

Maya Guerra
2 min readMay 18, 2022

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Festa Limbo em Brasília

Lembro me bem do dia exato em que me percebi apaixonada, era 8 de fevereiro de 2020,um dia depois do meu aniversário.

Eu tenho uma mania de usar vermelho nas raras ocasiões em que fervo de amores por algo ou alguém, e de certa forma, sempre foi um alarme pra eu me lembrar de agir coerente com todas minhas questões sentimentais, porque eu sou dessa gente que se importa em fazer o amor florescer aos poucos e forte.

Naquela noite de carnaval, saí de casa, depois de desprezar toda minha intuição, porque tinha medo daquele fogo.

Como sempre, encontrei muitas pessoas conhecidas, todo mundo parecia feliz e eu, me sentia virada de cabeça pra baixo, um conhecido me beija na boca e isso é suficiente pra me fazer o estômago virar, ele põe uma bala amarela na minha boca assim como os padres colocam a hóstia na boca dos fiéis, e tudo parece errado, nesse lugar íngreme e cheio de águas vivas flutuantes espalhadas pelo teto.

Numa bad trip, todos viram meus maiores inimigos, não aguento olhar pra nenhuma pessoa, se eu adentro o olhar de alguém, morro um pouco mais, odeio todos, pelo simples fato de que ali, ninguém é ele.

Pago 60$ num uber e vou embora ,e parece até barato por que é tudo que eu mais quero.

Completamente entorpecida ,no carro com um estranho, me enrijeço com uma sobriedade que nem gente sóbria tem ,até chegar em casa.

Chego em casa e desmorono. Ali o mundo parece ter me sujado, porque quando eu amo eu sou muito limpa, me sinto celestial.

Como num ritual de purificação, eu tiro toda minha roupa mesmo num frio extremo, entro nua ,silenciosa pela casa, mesmo madrugada, lavo minha roupa, a água bate no meu corpo despido, tremo de frio, eu cago tudo que tem. Vomito tudo que existe pra vomitar. Tomo um banho fervendo-me esfrego com um sabonete amarelo transparente que tem cheiro de limão e do banho que tomamos depois daquele dia que comeu meu cu . Toco meu corpo pensando nele; Rafael, respirar enquanto te desejo já é suficiente pra me dar prazer, me emociona eu saber o que eu quero. Choro, e minhas lágrimas são comemorações, por estar decidida de que te amo .

Já é um alívio não ser de todo mundo, e me alivia não querer todo mundo. Agora tenho um lugar pra olhar isso me assusta no começo e depois me acalma. Achei que tinha febre me senti doente, pego termômetro ponho embaixo do braço só pra perceber que na verdade eu não tô passando mal, tô apaixonada por você.

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Maya Guerra

Escrevendo sobre meu avesso, pensamentos quase sempre noturnos, assim já fica implícito, que nem sempre eu durmo bem.